Foto: Elisa Mendes
Quatro anos depois do festejado “Leve o que quiser”, Juliana Linhares, Frederico Demarca e Rafael Lorga estão de volta com o segundo disco do Pietá - “Santo sossego”.
Nesta nova empreitada, o trio substituiu a pegada acústica do primeiro trabalho por uma sonoridade mais elétrica e mais contundente, lançando mão das guitarras e dos sintetizadores,totalmente em sintonia com o momento pelo qual passa o país… e é lindo ver o Pietá se posicionar de forma direta contra a evangelização feita por falsos profetas, misoginia, preconceito de gênero e de raça, corrupção, ascensão do neofascismo... enfim, contra o projeto de destruição de direitos que foi instituído. Mas, citando Che Guevara: “hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás”... a poesia está presente e brilha através da performance do trio e também do repertório muito bem construído através de composições de Frederico Demarca com Claos Mozi, Iara Ferreira, Marcelo Fedrá e Renato Frazão, e também em parceria com Juliana Linhares e Rafael Lorga, como nos casos de "Oração pra Luzia", "Virará" e "Mar de sonhos", canções espetaculares.
O trio supera o desempenho de “Leve o que quiser”, que já era bem acima da média. Juliana, com voz linda, firme e afinada, cada vez mais destaca-se como uma das melhores intérpretes da música brasileira contemporânea; já Frederico e Rafael constroem caminhos musicais precisos, que dão ao Pietá uma sonoridade ao mesmo tempo surpreendente e aconchegante.
“Santo sossego” foi produzido por Jr. Tostoi, um dos melhores e mais criativos produtores brasileiros, e contou com o reforço de Elisio Freitas, nas guitarras e viola, e Ivo Senra, nos sintetizadores. Participam do disco alguns nomes importantes do cenário contemporâneo, como Ilessi, Josyara, Khrystal, Lívia Nestrovski e Caio Prado.
Sem dúvida, “Santo sossego” é um grande disco, todos os ingredientes estão lá para que a receita dê certo, mas ele é muito mais que uma bem sucedida aventura artística… é um clamor para que se tenha atenção ao entorno, é uma convocação para que sejamos empáticos, é um chamado para que fiquemos unidos e assim lutemos para que os dias sejam mais justos.
Esta publicação é a uma contribuição do NA PONTA DA AGULHA para a REVISTA KURUMA'TÁ.
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