top of page
Foto do escritornapontadaagulha

COLUNA NA PONTA DA AGULHA #009

"DÉCADA" - CÉSAR LACERDA

IINVENTÁRIO DE UMA CARREIRA MARCADA PELO CUIDADO COM A CANÇÃO


Destaque de sua geração, o mineiro César Lacerda lançou recentemente “Década”, seu quinto álbum solo (sexto, considerando o álbum lançado em parceria com Romulo Fróes), que apresenta um balanço de seus dez anos de carreira.


Cantor, compositor e produtor de talento, César já tinha em sua discografia “Porquê da voz” (2013); “Paralelos e infinitos” (2015); “Meu nome é qualquer um” (2016), ao lado de Romulo Fróes; “Tudo tudo tudo tudo” (2017); e “Homens ou leões” (2021).




Suas composições foram interpretadas por artistas como Gal Costa, Lenine, Maria Bethânia, Maria Gadú e Zezé Motta; César também estabeleceu parcerias com compositores renomados, como Chico César, Jorge Mautner e Ronaldo Bastos; além disso, esteve à frente de produções musicais de álbuns como “Espiral”, da Ceumar e “Tenho saudade mas já passou”, de Luiza Brina.


A canção é uma das expressões artísticas que mais definem o Brasil, tendo em vista sua força de comunicação e a capilaridade com que avança pelas mentes e corações do nosso público. E é justamente a canção a matéria que César domina, condensando nela suas influências diversas, que vão desde a exuberância das harmonias mineiras, ao indie e ao pop, com suas variadas vertentes, sem que em nenhum momento se perca de vista sua assinatura, ou seja, sua personalidade.


Em “Década”, César fez um inventário, passeando por seus álbuns anteriores, gravou algumas canções que haviam sido lançadas por outras pessoas, como “Minha mãe”, parceria com Jorge Mautner e gravada por Gal Costa e Maria Bethânia, no álbum “A pele do futuro”, de Gal; e “Espiral”, parceria com Ceumar e que deu título ao álbum gravado por ela; além das inéditas “Faz o teu” e “O amor fincou raízes por aqui”.





O cuidado com a palavra e como esta soa, característica marcante em sua obra, aparece de forma clara por conta do formato escolhido para este álbum, apenas com a voz de César e seu violão. Desta maneira, conseguimos ter uma outra perspectiva de suas canções e, com elas quase “despidas”, nos fica evidente a riqueza do seu trabalho de construção.

Com suas antenas sempre ligadas, César, que nasceu entre as montanhas mineiras de Diamantina, morou um tempo em contato com o mar do Rio de Janeiro e, atualmente, vive no concreto da capital paulistana, absorveu esses ambientes que, processados de forma orgânica, foram fundamentais para o resultado de suas composições, seja nos caminhos musicais ou nos temas abordados. O amor, o desapego, a complexidade humana, a crise climática e a falência da sociedade, são temas tratados com muita propriedade e dão o tom do repertório formado, pela ordem, por: “Faz o teu”, solo e inédita; “Isso também vai passar”, solo e de “Tudo tudo tudo tudo”; “Desejos de um leão”, em parceria com Uiu Lopes e de “Nações, Homens ou leões”; “Minha mãe”, parceria com Jorge Mautner; “O fazedor de rios”, em parceria com Luiza Brina e Luiz Gabriel Lopes, e que dá título ao álbum lançado por Luiz Gabriel; “Desculpa”, parceria com Nina Fernandes e lançada por ela em “Amor é fuga: fuja”; “O amor fincou raízes por aqui”, solo e inédita; “Faz parar”, parceria com Romulo Fróes e lançada no álbum dos dois, “Meu nome é qualquer um”; “Touro indomável”, parceria com Francisco Vervloet, e lançada em “Paralelos e infinitos”; “Lute contra mim”, solo e lançada por Paula Mirhan em “Petróleo”; “Espiral”, parceria com a Ceumar; “Oriki”, parceria com Flavio Tris, e lançada por ele em “Sol velho lua nova”; e “Porquê da voz”, solo, lançada no álbum de mesmo nome.


Lançado pela YB Music, com concepção da artista gaúcha Filipe Catto, produção de César Lacerda e Carlos “Cacá” Lima, edição de Fernando Rischbieter e Pedro Vinci, que assinou a mixagem e também a masterização, ao lado de Carlos “Cacá” Lima, “Década” é para ser ouvido com bastante atenção, pois, além de ser um trabalho delicado, atesta a trajetória de um artista que se destaca dentro de um cenário em que tem prevalecido o mais do mesmo. César Lacerda é alguém que tem muito a dizer e o faz da melhor maneira possível, que é através da sua arte.





Coluna publicada no site Itaú Cultural por: Jorge Lz

Carioca, radialista, curador, pesquisador musical, produtor cultural e DJ. Produz e apresenta o programa semanal Na ponta da agulha, na Rádio Graviola, é curador do Festival levada e integra o Radialivres, coletivo de radialistas do Brasil. Foi idealizador e curador do Festival BRio e do projeto Verão musical no Castelinho, e produziu e apresentou os programas Geleia moderna, Radar e Compacto, na Rádio Roquette-Pinto



6 visualizações0 comentário

Posts recentes

Ver tudo

Comments


bottom of page